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Conceito de "habitar" e como a cidade é afetada

  • Foto do escritor: Carol Branco
    Carol Branco
  • 28 de ago. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2019

O conceito da palavra "habitar", segundo o dicionário, significa "morar, ocupar como moradia, ter como residência fixa". A última definição, porém, se distancia da realidade cada vez mais, principalmente em núcleos urbanos.


A experiência de morar das gerações anteriores de pais, tios e avós, acostumada a nascer, crescer, trabalhar e viver até os últimos dias em um mesmo local, está sendo trocada por uma nova forma de ver a vida e a cidade.


O modo de vida do século XXI é, de maneira geral, mais dinâmico que o dos séculos anteriores. Tudo é descartável, pode ser trocado, comprado. Com as habitações, isso não poderia ser diferente. As necessidades se alteram, portanto, as moradias também. Hoje, moramos em uma quitinete próxima à Universidade, amanhã, fazemos intercâmbio, nos formamos, nos mudamos de cidade, nos casamos, separamos, somos transferidos no emprego para outro estado... A cada nova mudança pessoal, uma mudança de lar.



Mochileiro é um representante do modo de vida dinâmico atual


Na modernidade líquida (conceito cunhado por Zygmunt Bauman em seu livro homônimo), o ser humano molda a sociedade conforme sua personalidade; os empregos não são mais estáveis, por causa da competição econômica, os salários são mais baixos e os trabalhadores não têm mais segurança. As pessoas não costumam trabalhar mais vinte anos na mesma empresa, como antigamente, os relacionamentos não duram mais a vida inteira, os filhos se mudam a cada nova oportunidade de estudo e emprego. Há, portanto, uma movimentação, amplificada pelo mundo globalizado, fenômeno apelidado por nossa equipe de "nomadismo urbano". As pessoas se deslocam mais facilmente e, quando dispõem de recursos e de oportunidade, podem viver em vários lugares do mundo. Às habitações resta esperar pelos próximos ocupantes e a eles se adaptar.


Mas quais são as consequências desta nova forma de viver? Cabe aos arquitetos analisar como este ambiente em transformação influencia o habitar, para então encontrar maneiras de melhorar a qualidade de vida para os usuários. A dinâmica de compra, venda e aluguel de imóveis foi transformada drasticamente nos últimos anos, sobretudo em áreas propensas à especulação imobiliária, como centros urbanos, arredores de escolas, universidades, núcleos de emprego e cidades turísticas.


Em Florianópolis temos o exemplo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Desde sua inauguração na década de sessenta, a Universidade modificou dinâmicas sociais, culturais, de mobilidade e de moradia pré-existentes, não só nos bairros como Trindade, Pantanal, Córrego Grande, Carvoeira e Santa Mônica, mas também no resto da Ilha e no Continente.


Grandes construções como a Universidade e, mais tarde, a Eletrosul fizeram com que bairros menores, como os acima citados, fossem incorporados à malha urbana principal, passando a seguir um ritmo urbano do centro de Florianópolis. Isto facilitou o surgimento de loteamentos, prédios e condomínios que, futuramente, abrigariam uma grande massa de estudantes atraídos pela UFSC.


A Universidade atrai não somente pessoas de fora, mas também centenas de alunos, professores, servidores públicos e trabalhadores terceirizados que se deslocam de suas casas todos os dias em direção ao campus. Alguns moram perto, outros nem tanto. O deslocamento pode durar mais de duas horas em alguns casos, sem contar com o trânsito e eventuais transtornos. A jornada intensa faz com que muitas destas pessoas precisem se mudar para bairros nos arredores da UFSC.


A demanda crescente por habitações na região fez crescer a especulação sobre a área. No entanto, o que vemos - diferentemente de casos onde o adensamento da população levou a uma verticalização - é um grande número de quitinetes e repúblicas. São normalmente lotes pequenos com construções de dois ou três pavimentos, cujos apartamentos têm tamanho suficiente para fazer caber uma cama, aparelhos de cozinha e um banheiro. Também existem casos onde antigas habitações unifamiliares foram reformadas e tiveram seus cômodos divididos de maneira a formar novas quitinetes.






É uma maneira informal de ganhar dinheiro, normalmente o contrato é feito diretamente com o proprietário. As pessoas que possuíam imóvel na área podem lucrar e qualquer imóvel pode se tornar uma quitinete. Como não existem regras específicas para este tipo de habitação, estas são feitas na informalidade e não levam em conta quaisquer questões de salubridade, como iluminação, ventilação, ruídos e espaço. Ao mesmo tempo em que caem de qualidade, o preço dos aluguéis continua a subir, pois é uma área cobiçada. Apesar destes problemas, não existem iniciativas para regulamentar a situação. Afinal, para os donos deste tipo de imóvel, a situação é favorável, e para os inquilinos, se a quitinete de hoje é ruim, podemos sempre procurar uma melhor e cancelar o contrato informal mais facilmente.


O objetivo deste blog é, ao longo de um semestre, discutir assuntos como a forma de morar, a moradia social, sustentabilidade, conforto e eficiência, para no final da disciplina elaborar um projeto de habitação de interesse social.







 
 
 

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